Três expressões incomuns para iniciar essa postagem. Começo escrevendo do meu lugar específico, alguém com doutorado já concluído, e ainda buscando meios de aprender de tudo que me interessa. E como fica essa questão quando nossos interesses são múltiplos e já não precisamos percorrer caminhos obrigatórios (vulgo institucionais) para nosso próprio crescimento?
É aí que se faz a interação entre os termos os quais me referi no título da postagem. O Rizoma é um conceito presente nos textos do Gilles Deleuze e Guattari, que representa uma espécie de dimensão em que seus elementos constituintes interagem entre si, sem uma fronteira definida. Dentro da perspectiva crítica das Ciências Modernas, colocar em cheque as fronteiras epistemológicas dos campos de conhecimento parece um caminho inevitável, diante da complexidade na resolução de problemas que se apresentam hoje.
Problemas no campo da física que requerem abordagens da filosofia e da antropologia, em conjunto com um resgate da História das Ciências, por exemplo. Ou mesmo problemas de ordem crítica pela proteção das verdades históricas diante da produção de discursos alternativos da verdade dos fatos a partir de uma antropologia do ódio político-partidário. O que por si só caracteriza o que podemos chamar de realidade fractal, ou caleidoscópio político, um prisma ideológico na compreensão distorcida da realidade factual.
E dentro dessa perspectiva heterogênea na apreensão da realidade do mundo, há uma ansiedade cognitiva pela compreensão de múltiplos fatores inter-agentes que tem trazido à tona questionamentos sobre a aprendizagem autodidata, ou o que conhecemos como Polimatia, e aqueles que se reconhecem como Polimatas.
Sendo ainda mais específico, lanço uma pergunta: como, e por quê, aprender sempre, e de tudo o quanto quisermos, tão aprofundado como quisermos?
Depois de alguns anos sempre buscando abrandar minha ansiedade cognitiva, e achando que estava sempre falhando, deixando de ler inúmeros livros necessários na minha caminhada profissional, intelectual e cognitiva, hoje entendo que o melhor tempo para aprender é quando chegamos ao primeiro final de percurso da vida de aprendente. Estou falando específicamente do Ensino Médio, e se insistimos um pouco mais, ao final de uma Graduação de Nível Superior.
Teoricamente, e culturalmente, acreditamos que é no final dessa caminhada que chegamos a um nível de compreensão de mundo capaz de nos tornamos cidadãos autônomos e producentes. Imenso engano. Estamos chegando nesse primeiro quarto de século XXI e a perspectiva sociocultural e econômica nos mostra que aquela crença histórica de que conhecimento garantia segurança financeira é mais uma enganação do sistema financeiro e capitalista que assola a humanidade há mais de 2 mil anos, ficando cada vez mais complexo e devastador.
Diante das impossibilidades de autonomia, por meio dos caminhos tradicionais e institucionais de aprendizagem, parece que nos resta o caminho da transgressão. A internet tem nos permitido isso, mesmo com a ascensão das novas redes sociais e a invasão do capitalismo para dentro das estrututas da rede mundial de computadores. Ainda é possível que nos valhemos dos recursos de aprendizagem, potencialmente infinitos, que encontramos entre os algoritmos usurpadores da liberdade de pensamento.
Desde a Wikipedia ao Torrent, da Usernet ao Telegram, se mergulharmos fundo o bastante em busca de conhecimento, podemos fazê-lo apesar dos limites institucionais do protecionismo capitalista contra a autonomia da aprendizagem.
É hora de usarmos todos os recursos possíveis que o mundo digital nos fornece, em busca de uma aprendizagem autônoma, livre e irrestrita. Para que possamos nos tornar cidadãos com maior potencial de reflexão acerca do mundo. Apesar dos limites que nos impõem.
